quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

processo do criar

http://www.culturainquieta.com/es/fotografia/item/1258-noell-s-oszvald.html#itemImageGalleryAnchor

Imagens assim sempre me recordo o processo de construção do espetáculo SAKURA MATSURI: O JARDIM DAS CEREJEIRAS.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Diário de bordo



(em suma, meu objetivo consiste em referir-se ao mês de DEZEMBRO/2012 quanto a treinos, ensaios e produção, mas expande-se também para uma tentativa referencial do ano como um todo: ações de 2012).

O ano findou bem dizer. O recesso chegou. Serão praticamente duas semanas, precisamente 12 dias – entre 23 de Dezembro a 03 de Janeiro; nossas atividades retornarão a partir de 04 de Janeiro de 2013. (desejo união e tolerância para esse novo ano).

Em 2012 muitas coisas aconteceram, e, delas, a que mais mexe o caldeirão de mudanças tem a ver com a saída de algumas pessoas do grupo, assim como a entrada ‘legitimada’ de outras. Eu faço parte das que foram ‘legitimadas’. 

Por que legitimadas?

http://umnaolugarnatural.blogspot.com.br/2011/03/ainda-na-praca.html
 Venho trabalhando com o grupo desde começo de 2011. Primeiramente com o processo de intercâmbio entre os grupos Poéticas do Corpo e Teatro MIMO que resultou na performance  A INCRÍVEL HISTÓRIA DO POSTE QUE VIROU ÁRVORE e, logo em seguida, entramos no processo da esquete SAKURA MATSURI: O JARDIM DAS CEREJEIRAS, que hoje já é espetáculo. 

FESFORT - APRESENTAÇÕES DE ESQUETE EM 2011
Sem pensar ou contar nos dedos o processo da busca de permanência e estabilidade no grupo deu-se de maneira vagarosa, meticulosa e, por isso mesmo, necessária. Sou das que acreditam que tudo dado de mão beijada não é tão valorizado quanto o que se é conquistado. Por mérito, acredito. 

Como partícipe a atuação e o regimento interno do grupo é outro. Parece-me que a rigorosidade do que se é exigido é mais potente, de uma camada fina e cuidadosa. A responsabilidade pelo andamento das ações e a corrida pelo constante fluxo de movimentação e estímulo aos encontros são pontos postos em prioridade. É um grupo que busca a disciplinaridade, o rigor, a ética e a unidade como forma de coligação para existir. 

Ou você se coloca a mudança, ou você se retira.
 Assumo: estou ainda  em fase de teste. 


Policio-me constantemente acerca dos deveres e construções que eu possa  contribuir mais ferrenhamente. Para ser de um grupo eu preciso me sentir útil ao grupo. A figura da ‘atriz que só executa’ não contempla minha postura profissional nem meus anseios de artista. Para que eu permaneça eu preciso construir laços mais fortes, os de necessidade.

Nesse sentido, como MIMO, passei a olhar para o calendário do grupo de outra forma, assim como passei a olhar as pessoas do grupo de outra forma. Neste ponto uma valorosa mudança, porque hoje me relaciono com todos com o sentimento de continuidade. Os treinos e as descobertas passam a ser da ordem do que está por vir, e não somente o material que se faz aqui, no presente, na efemeridade que no próximo encontro correria o risco de esvair, fugir, não potencializar. Hoje nenhum dos encontros-treinos tem um fim em si mesmo, todos são continuidades. Isso me coloca quanto a corpo num ponto de criação latente.

IMAGENS DO GOOGLE

O mês de DEZEMBRO fora de soluções, de busca das soluções. É preciso estar a postos para as mudanças que estão por vir. Nesse sentido, temos tido encontro de produção voltado para questões de projetos culturais, marketing... Cada um deve escrever um projeto como exercício. Esse é um tempo que estou me acostumando às funções existentes dentro do grupo. Tenho me colocado em algumas, como relações com a mídia, blog, divulgação... Mas ainda sinto que para isso preciso me inteirar as questões históricas do grupo que demanda tempo para o estudo. Vou caminhando. 

Ponto que muito tem me instigado é o processo das aulas de palhaço. Assim como o pensar aulas de alongamento/ consciência corporal. Penso que devamos manter um ciclo de aulas entre nós com frequência, pois isto possibilita a nós a obtenção metodológica no repasse de conhecimentos específicos que poderão ser utilizados quando o grupo for convidado a ministrar oficinas, residências.

E, para finalizar, o desejo: que em 2013 saibamos gerir o grupo os que ficarão em Fortaleza. O ano exigirá de nós autonomia e pró-atividade. Sempre. Confesso estar assustada, mas se soubermos guiar nossos medos encontraremos possibilidades de existência e labor. Que 2013 chegue e que façamos bons trabalhos juntos.

Disciplina e amor pra nós.

Maurileni Moreira.


sábado, 10 de novembro de 2012

relinchar

René Magritte
Depois de uma conversa à caça de novas soluções e posicionamentos concluímos que todos estavam no mesmo barco, no mesmo lugar de comando, na mesma ambiência. O que era esfacelado, dividido e apartado está indo ao encontro do uno, do grupo. Meu corpo reclama de algumas coisas que não sabe fazer, não aprendeu a fazer. Meu corpo parece ter urgência da apreensão, porém dentro tem uma voz que grita: paciência. Não é de uma hora pra outra que você sairá galopando por aí com um cavalo imaginário, sentindo o vento, vendo a grama, se atentando às texturas e espessuras de um local. Mas, meu ser tem pulsado freneticamente. Estou em processo.

Essa semana de treino na oficina A mímica na formação do ator ministrado pelo Tomaz de Aquino, diretor do Teatro MIMO possibilitou em mim um estado de graça e sorriso. O corpo está preparado agora e a semana foi toda uma construção pra sermos o que se é numa sexta-feira, em que fios e fios nos puxam a colocar-nos em equilíbrio  que a casa de força ativada permite o atentar-se aos movimentos mais sutis e com menos esforços, em que os vetores sempre permanentes é o que me segura e me põe em pé. Sou um corpo todo interligado com forças físicas e imagéticas.

Agora chega a corrida do 'ato contínuo'.
Não perder o que se conquistou, correr atrás pela manutenção do seu corpo, mergulhar em possibilidades e caminhos que visem a descoberta. Meu corpo está vivo e pulsante, vontade de saltitar, correr, treinar.






segunda-feira, 22 de outubro de 2012




o tempo é uma promessa e eu aprendi a olhar pras estações da natureza e pras estações das pessoas.
a temporada de apresentação na I mostra BNB de dança em Fortaleza trouxe um estado em mim que adapta-se às novas ordens. desejo de não ser metafórica. a subjetividade me consome demasiado. o espaço era pequeno. parecia dispersar a energia. parecia  a energia não caber naquele mínimo espaço, ao mesmo tempo que consegui me perder nele, consegui não saber de que lado o espectador se encontrava. estranho isso. no corpo a sensação de levar as coxias. no corpo o ouvir atento da respiração de quem dançava. fora mágico. fora doloroso. senti pesar em mim a saída-morte de duas cerejeiras. o olhar da morte. o olhar final. saber controlar o rosto como ponto de partida para a neutralidade. mas em um determinado momento o correr da cena modificou minha face, percebi a vontade do meu rosto de falar, e falou. declínio. corpo em ponte. desequilíbrio precário. grito mudo de quem luta com as garras presas. entrarão mais cerejeiras? donde se prolifera esse corpo? voltar, retomar, (re)significar... 


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Da última florada da estação




Como na maioria das vezes, saio de uma apresentação achando que podia ter sido melhor, achando que podia ter sido bem melhor. Essa última florada foi, para mim menos bonita do que poderia ser.
Mas quando ela terminou e ficamos parados em frente às testemunhas, vi que florescemos com uma intensidade contagiadora.

Esse é um grande questionamento meu, o que precisa estar passando em mim, para que eu possa contagiar? Coletivamente florescemos juntos e coletivamente demos um ramo de presente para cada um daqueles, que eram muitos, que estavam lá.





Acerca disso e de outras coisas:

"Consideramos até o momento o Apolínico e seu contraste, o dionisíaco, como forças de arte que emergem da própria natureza sem mediação do artista humano, e nas quais se contentam por enquanto e de modo direto os seus impulsos artísticos, por um lado como o mundo configurado pelos sonhos, cuja perfeição se encontra em qualquer relação com a elevação intelectual ou a formação artística individual, por outro lado como verdade embriagadora, que também não leva em consideração o indivíduo, mas que chega a procurar destruí-lo e redimi-lo por um sentimento místico de união.









________________
¹Friederich Nietzsche em "A Origem da Tragédia" , versão para e-book, p.41.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

última florada

sabe quando você sente estranhezas no ar?
deve ser final de temporada. o corpo sempre fica mais ansioso do que costumeiramente. fechar ciclos é muito delicado e tão recorrente nos processos femininos... era isso que eu ia dizer:  apresentar SAKURA predispõe meu corpo a estar conectado substancialmente às mulheres, às cerejeiras. parece que nosso corpo desordenado pelos processos naturais do ciclo feminino, a fluição, perturba-nos consideravelmente em energia e disposição. meu corpo parecia não lançar-se no ensaio do dia 24/09/2012. meus olhos não visualizavam folhas em flor sempre lançados para quem ver. estava tudo tão imerso aqui dentro que o meu intuito era sugar, internalizar, deixar dentro e se exilar. alguns encontros do SAKURA são como pontos de encontros de um eu que não é da ordem da atuação, nem dos psicologismos de eu dramático que se envolve irresponsavelmente vida-trabalho-arte... eu diferencio estados. e há estados como o de ontem que a respiração era quem me absorvia, eu não a despejava, o apego estava forte em dores de alma. hoje no espetáculo, final de ciclo, quero dançar-atuar-estar-presente naquele espaço, com aquelas pessoas, com quem for ver. é preciso se despir de toda e qualquer segurança. é preciso lançar-se e depois recolher os pólens para uma próxima germinação. hoje quero morrer para que eu tenha vida em outras paragens. é necessário, faz-se necessário. quero dançar o final de primavera para me recolher num outono, num cuidado de si para si vendo o corpo criar vida e lançar-se ao desconhecido. sinto anseios de chorar como o nosso pedido de socorro das cerejeiras que vai ao encontro de. ao encontro de. é um sinal de alerta. está forte em mim um cansaço de alma e uma alegria pela colheita ter sido saudável. dói acabar algo. dói se despedaçar em flor. dói permitir-se morrer...  é vivo em mim a vontade da vida. convido você a colher anseios de vida-morte-vida. respiro.


SAKURA MATSURI: O JARDIM DAS CEREJEIRAS
Direção Tomaz de Aquino
Teatro DRAGÃO DO MAR, hoje, às 20h.ÚLTIMO DIA. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

primeiras considerações sensíveis de minha parte.

foto retirada do google imagens.
faz tempo que um espaço como esse de confluência de sensibilidades meu corpo atuante pedia, sentia - verbos de ação que solicitam uma co-dependência das partes. 

não lembro bem a quanto tempo estamos mergulhadas, ou mergulhando, nessa estética de sombras e dores e mortes e renascimentos. 

o fato é que juntamente com esse trabalho tenho florido possibilidades de existência que caminham ao encontro de uma atuação que a fala é o corpo. 

literalmente o corpo. 

não há como eu fugir da observação de estados de iniciação corporal em todos que fazem o SAKURA MATSURI. assim como não há como fugir do processo de integração total que nos colocamos como ponto de partida. 

ponto de partida, não. 

a integração total tem sido o processo, a linha de investigação unipessoal dos seus participantes. tenho muito que expor em palavras turbilhões que acontecem em mim que são, às vezes, explicáveis e muitos deles não.

estou aqui. estou com todas na semeadura da criações: estéticas, éticas, visíveis e invisíveis.

os laços se fortalecem!